Em 2021, El Salvador fez história ao se tornar o primeiro país do mundo a aceitar o Bitcoin (BTC) como moeda oficial. Essa decisão gerou uma série de discussões, especialmente com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que ficou apreensivo devido ao desejo do país de conseguir um empréstimo. Recentemente, um relatório surpreendeu a comunidade de criptomoedas ao afirmar que El Salvador não adquiriu novos bitcoins desde fevereiro deste ano.
O documento, que foi divulgado pelo FMI, traz uma carta assinada pelos principais representantes financeiros do país, afirmando que, desde o início do acordo de financiamento de US$ 1,4 bilhão, as compras de BTC foram suspensas. O presidente do Banco Central, Douglas Pablo Rodríguez Fuentes, e o ministro da Fazenda, Jerson Rogelio Posada Molina, garantiram que o estoque de bitcoins em posse do governo permanece o mesmo. Eles também informaram que forneceram ao FMI os endereços de todas as carteiras de Bitcoin para que possam ser monitoradas.
Essa nova informação contrasta com o que tinha sido previamente anunciado, incluindo as declarações do presidente Nayib Bukele. Bukele havia afirmado que, desde novembro de 2022, vinha comprando 1 BTC por dia. O Escritório de Bitcoin de El Salvador informou que o país possui cerca de 6.243 BTC, que equivalem a aproximadamente US$ 737 milhões. Na verdade, logo após o relatório do FMI, foram anunciadas novas compras.
A questão, segundo o relatório, é que as movimentações registradas podem não ser novas aquisições, mas simplesmente transferências de bitcoins que já pertencem ao governo. Isso significaria que o que está acontecendo é a migração de BTC de carteiras quentes (que permitem negociações rápidas) para carteiras frias (que são mais seguras para armazenamento a longo prazo).
Versões conflitantes
Desde que El Salvador começou a adotar o Bitcoin, o FMI não hesitou em dizer que essa estratégia não era a melhor. Quando o país buscou um empréstimo, o FMI pediu que as compras de BTC fossem reduzidas. No entanto, Bukele se manteve firme em sua decisão de continuar adquirindo a criptomoeda, e ainda assim conseguiu alcançar um acordo financeiro com o FMI.
Recentemente, Bukele comentou suas políticas no X, afirmando que, se as compras não pararam durante um momento difícil, elas não parariam agora. A chefe do Escritório de Bitcoin, Stacy Herbert, também declarou que o país segue acumulando Bitcoin, mesmo que isso contrarie o que foi acordado com o FMI. Ela indicou que muitos “bitcoiners” ainda acreditam nas declarações do FMI sobre as transações do governo, que são registradas na blockchain da criptomoeda.
Apesar das ressalvas do FMI, já foi mencionado que o aumento das reservas de BTC em El Salvador não violava os termos do acordo. O fundo afirmou que consultou as autoridades e elas confirmaram que o crescimento das reservas estava dentro das condições combinadas.
Até o momento, o governo de El Salvador não se manifestou oficialmente sobre as novas informações que surgiram a partir do relatório do FMI.
